leis da fisica aplicativa quantica

quinta-feira, novembro 20, 2008

Alimento

Levantar a cabeça logo após um sono e ter vontade de comer.
Parece estranho mas hoje estou assim.
Não quero a minha dose diária de alimento, aquele que me foi preparado para sobreviver.
Tenho ainda sono e vontade de andar.
Antes que volte para casa e lá veja pães ao lado de leite e mais, quero um pouco mais de vontade, um pouco mais de saudade, um pouco mais de amor.

Levanto, abro a porta e saio correndo.
Preciso me espreguiçar, preciso de um sol na cara.
Fazendo os olhos doerem pela luz e tentando me convencer a voltar aos pães que você fez ontem.
Preciso sentir o orvalho, ainda presente na relva, tocar meus pés descalços.
Ter um pouco do cheiro da umidade do verde, entrando e saindo das minhas narinas e me deixando apaixonado.

Pulo a cerca e roubo um maça.
Junto, claro, uma flor do monte.
Eu corro mais um pouco e lavo o rosto no riacho que corre nas terras proibidas.
Lavo a maça, mais ainda não como.
Vou levar para dividir com seus pães.
Porem o segredo está na flor do monte, o segredo de não ter fome agora.

Volto do riacho, desço o monte, pulo a cerca das terras proibidas e corro para dividir a maça.
Estamos na mesa agora, um de frente para o outro.
Dividimos o alimento.
E lhe entrego a flor.

A flor te marcará e você verá o quão importante eu fui para você nas noites anteriores, pois eu tirei do meu profundo e plantei no dentro do seu ser.
Não ira se esquecer de mim.
Pois a flor te mostra o inexplicável, o oculto, o arrependimento.

Por isso não fez sentido comer antes, pois você já tinha a minha falta dentro de si.
Plantada como uma flor.

Te ver me traz alimento.
Não me ter te traz fome.